quinta-feira, 22 de março de 2012

"Será que podemos mudar"

O texto "Será que podemos mudar?" do blogue, "Ver para além do olhar do Jesuíta João Delicado sj", baseia-se, na minha modesta opinião, na psicologia tradicionalista. A psicologia actual tem dado provas "científicas" de que é possível mudar a estrutura organizativa do nosso cérebro. Se assim não fosse, como explicar que alguém que tenha sofrido um trauma psicológico devido a uma forte emoção (violação, morte de um familiar, acidente grave ou que tenha sido testemunha de um crime violento) e tendo acompanhamento psicológico competente, possa voltar a ter uma vida normal e saudável?! Há exemplos básicos que se aprendem na disciplina de psicologia; lembro-me de um: uma mãe que deu à luz dois gémeos monozigóticos em que ambos receberam a mesma carga genética (genótipo), que lhes vão potenciar determinadas características físicas e de personalidade, estes dois gémeos foram afastados à nascença, tendo crescido ambos em países diferentes, logo, o fenótipo, que é a relação entre as informações hereditárias e de factores ambientais e sociais, determinou personalidades diferentes! A informação genética que recebemos dos nossos progenitores, não é determinante para formar uma determinada personalidade! Há outros factores que interferem na estrutura organizativa do nosso cérebro: a sociedade (o meio) em que vivemos, a educação que temos, o clima, entre outros. Nós, tal como todos os outros mamíferos, aprendemos por imitação, logo, isto é modelação!
Já que falamos de modelos, normalmente os nossos modelos são os nossos progenitores, ou pais adoptivos, mas não só, porque nós somos muito mais aquilo que a nossa sociedade nos transmite, do que aquilo que herdamos nos nossos genes! Mais, há vários casos de crianças selvagens que foram estudados e que determinaram que pelo facto de essas crianças não terem recebido estímulos numa determinada idade, nunca puderam sair desse estado selvagem na totalidade! Isto prova, que ao nascermos estamos muito próximos dos outros mamíferos, em termos de desenvolvimento cerebral! E é a partir daí que vamos primeiro formando vínculos afectivos com os nossos pais, sejam eles os nossos progenitores, ou pais adoptivos, e depois, vamo-nos "modelando" no contacto com os outros. Isso é uma mudança!
Dito isto, "Será que podemos mudar?" A resposta é sim!

quinta-feira, 8 de março de 2012

O papel da Igreja Católica - Origem do Registo Civil em Portugal

A origem do registo civil remonta à Idade Média, tendo surgido por acção da Igreja católica, na medida em que foram os párocos os primeiros a criar para os fiéis um registo do estado civil das pessoas, sob a forma de assentos paroquiais, com o intuito de facilitar a prova dos estados de família ligados a certos sacramentos (baptismo, matrimónio e óbito) e de documentar o cumprimento dos sufrágios fúnebres.

Foi com o Decreto de 16 de Maio de 1832, que o registo civil conheceu a primeira providência legislativa e em que o Estado reconheceu a vantagem de tornar extensiva a todos os indivíduos a prática da Igreja relativamente aos católicos, bem como a necessidade de aproveitar a sua iniciativa, subordinando a realização do registo a princípios jurídicos uniformes, que assegurassem a sua regularidade e fiscalização.

Contudo, as coisas não terão corrido bem para o lado dos administradores do concelho (representante do governo junto de cada um dos municípios do país), pelo que a tarefa terá voltado para a responsabilidade dos párocos.

Foi então a partir de 1911, já no regime republicano, que os registos de nascimento, casamento (civil) e óbito - até então criados pela Igreja católica - passaram para a responsabilidade do Estado. Daí para cá, foram sendo criadas alterações às primeiras leis, até chegarmos ao ponto de hoje haver inclusivamente listas de nomes oficiais autorizados e não autorizados em Portugal; isto grosso modo.

Fonte: Instituto dos Registos e do Notariado

A explicação para os nomes próprios tradicionais

Por que razão nos baptizaram com os nomes de: Maria, José, João, António, Francisco, Conceição, entre muitos outros nomes bíblicos?

O Concílio de Trento aconteceu entre 1545 e 1563. O propósito do Concílio de Trento era fazer frente à Reforma Protestante, (Contra-Reforma) reafirmando as doutrinas tradicionais e arrumando a própria casa. Portanto houve duas reacções distintas, uma na área teológica e outra na área vivencial. Um dos papas teria confessado que Deus permitiu a revolta protestante por causa dos pecados dos homens, "especialmente dos sacerdotes e prelados".

O Concílio de Trento foi convocado pelo Papa Paulo III, a fim de estreitar a união da Igreja e reprimir os abusos, isso em 1546, na cidade de Trento, no Tirol italiano. No Concílio tridentino os teólogos mais famosos da época elaboraram os decretos, que depois foram discutidos pelos bispos em sessões privadas. Interrompido várias vezes, o Concílio durou 18 anos e o trabalho só terminou em 1562, quando a suas decisões foram solenemente promulgadas em sessão pública.

No Concílio de Trento, ao contrário dos anteriores, ficou estabelecida a supremacia dos Papas. Assim é que foi pedido a Pio IV que ratificasse as suas decisões.

Os primeiros países que aceitaram incondicionalmente as resoluções tridentinas foram: Portugal, Espanha, Polónia e os Estados italianos. A França, agitada pelas lutas entre católicos e protestantes, demorou mais de meio século para aceitar oficialmente as normas e dogmas estatuídos pelo Concílio, sendo mesmo o último país europeu a fazê-lo.

Este Concílio teve especial importância para os pesquisadores de genealogia devido a uma das suas resoluções, esta determinava que toda criança, para ser baptizada na Igreja Católica deveria possuir um nome cristão e um sobrenome de família, desta forma, as famílias que ainda não o possuíam foram obrigadas a assumir o termo que os identificasse; o uso de sobrenomes familiares foi então implantado definitivamente.

Fonte: www.benzisobrenomes.com

Aqui chegados, é mais fácil percebermos por que razão os nossos ascendentes colocavam ("eram obrigados") nomes e sobrenomes cristãos aos seus descendentes. Situação esta que se arrastou até ao Século XX, e resquícios na actual centúria
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Base Francesa nas Flores

     Foi com imenso gosto e até alguma nostalgia que assisti à visualização dos vídeos "Opération Hortensia" na Biblioteca Pública...