segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Entre a Ditadura e o Banditismo Democrático

O Outono acaba de chegar, mas o Verão ainda não nos abandonou por completo; o calor teima em queimar-nos os corpos; e o país! Saio à rua para contrariar a dormência que me invade. Percorro estradas com trânsito caótico: uns falam ao telemóvel enquanto conduzem, outros enviam mensagens, aqui e ali, um carro cujos ocupantes seguem sem o cinto de segurança. Ao longo do meu itinerário acompanham-me cartazes com propaganda eleitoral para as eleições autárquicas; alguns, são cartazes descomunais, cujo presidente se recandidata à Câmara Municipal da Maia (onde resido); este já mudou o dito cartaz por três vezes desde que a campanha começou! O país está rico! Foco o meu olhar nas caras deles e nos falsos sorrisos com que se fizeram retratar (não confundir com retractar, porque isso eles não fazem!), são sorrisos que me provocam um misto de riso e revolta; tanto riso parolo com a ingénua intenção de caçar o voto! Vejo outros - que conheço! - que sempre apregoaram ter determinada ideologia política, mas que agora se juntam a partidos de cor radicalmente oposta; ou seja, diziam ser de esquerda e agora "viraram" à direita! São os vira-casacas! (Sim sei que o meu texto já vai cheio de exclamações! Isso deve-se àquilo que me invade: uma revolta por sermos um povo ainda tão néscio em termos de cultura democrática, que permite que um bando de malfeitores, de ladrões, mentirosos e aldrabões nos tenham vindo a roubar descaradamente ao longo de 39 anos consecutivos e que levaram o país à bancarrota.) Apetece-me lançar-lhes bosta naqueles sorrisos hipócritas com que emporcalham aldeias, vilas e cidades, deste malogrado Portugal. E o problema não se fica pelos cartazes; e os ferros que plantam por todo o lado para segurar toda a parafernália de lonas, papéis e plásticos - que nos custaram os olhos da cara - para esta bandidagem gastar à tripa-forra os parcos recursos que restam dos nossos esforços para fazer sair o país do buraco onde nos meteram, mas que eles se estão nas tintas para isso! A dado momento, um carro pára e aborda-me. Um casal pede-me informações de como chegar ao centro da Cidade da Maia, dou-lhes todas as informações necessárias e o casal lá vai. Por momentos os meus pensamentos afastaram-se do lixo que me tem acompanhado; estou a falar do lixo propaganda política, claro! Mas de repente, sou assaltado por um turbilhão de ideias: então não é que temos sido presenteados com enormes (não gosto da palavra mega, por isso fujo a esse neologismo!) desfiles de carros dos candidatos às autarquias, bem como dos seus aficionados (prefiro chamar a isto uma tourada) com bandeirinhas e a buzinar até nos ferirem os tímpanos; qual casamento importante. Após o 25 de Abril de 74 os candidatos a qualquer cargo político ainda se davam ao trabalho de fazer campanhas de esclareciemento às populações e apresentavam os seus projectos ou propostas para o cargo a que se candidatavam; hoje, a única coisa que vemos e ouvimos, é a "lavagem de roupa suja" de forma recíproca, ou então promessas impraticáveis e demagógicas, que logo após as eleições são esquecidas, ou fazem exactamente o seu contrário; não há uma única ideia clara e credível, quer para a freguesia, quer para o concelho! O que todos querem é um tacho e mordomias; o que todos procuram é dinheiro sem trabalho; o que todos querem é entrar de qualquer forma num qualquer sítio onde possam obter interesses para si, para a sua família e amigos; não há quaisquer escrúpulos; não há pinga de honestidade intelectual nesta gentalha; não há qualquer seriedade, nem capacidade para fazer o país sair desta imemorável crise! Assim, não se prevê que algum dia possamos sair desta lama em que nos meteram, pois a corrupação já se alastrou como os tentáculos de um polvo por todo o lado, e os mais novos não conhecem outra forma de atingir os seus objectivos na vida, daí que, será muito difícil uma mudança nas mentalidades dos Portugueses.

Base Francesa nas Flores

     Foi com imenso gosto e até alguma nostalgia que assisti à visualização dos vídeos "Opération Hortensia" na Biblioteca Pública...