terça-feira, 1 de maio de 2012

Canal Parlamento - Comissão de Segurança Social do Trabalho

Não sou um fiel seguidor do Canal Parlamento, mas hoje por mero acaso, encalhei no dito. Porque o assunto me suscitou interesse.
Estava reunida a Comissão de Segurança Social e Trabalho, que é composta por deputados do governo e da oposição. O assunto que naquele momento estava a ser discutido pelos iluminados representantes do povo, era o descanso compensatório por trabalho prestado nos dia feriados, sábados e domingos - tema sobre o qual já ouvimos falar. Os especialistas, reunidos em torno de uma mesa, falaram abundantemente de diversos artigos do malogrado Código do Trabalho. Trocaram impressões sobre as suas dúvidas e discordâncias acerca das alterações que o executivo pretende introduzir no dito diploma. Ao cabo de alguns minutos da minha atenção aos protagonistas, fiquei perplexo com a ligeireza com que os nossos representantes tratam assuntos tão importantes para a vida dos trabalhadores. Mais, fiquei estupefacto com a falta de conhecimentos técnicos e de uma argumentação minimamente sustentada por parte dos deputados que compõem esta Comissão! Ignoro se após a conclusão dos trabalhos da dita Comissão o assunto será ou não sujeito a discussão na Assembleia, contudo, agora percebo melhor as críticas de certos juristas quando dizem que as leis são mal feitas porque os deputados "não percebem nada de direito"... E eu acrescento: porque também muitos deles nunca fizeram nada na vida! Muitos deles nunca trabalharam por conta de outrem, não fazem a mínima ideia de qual o impacto que as suas inexperientes decisões vão ter na vida de milhões de trabalhadores!
Parafraseando Eça, abomino a "tibieza, a bulia e a inconsistência na tomada de decisões".
 
30 de Abril de 2012

Solidão

Longe, muito longe, por entre brumas
Canaviais, papoilas em flor
Por entre os trevos dos campos
Algures... um coração palpita
Na solidão de uma casa.

Enquanto a Terra gira em torno do seu eixo
Enquanto te enfadas com a tua sina
Um mundo lá fora continua indiferente
À tua dor que outros não sentem.

E tu que te atormentas dia após dia
Tu que vives nessa nostalgia
Ah! como te enganas...
Se pensas que a solidão é só tua.

Pára, e pensa. Quantos como tu
Que no meio dessa mole imensa
De seres humanos com que te cruzas
Vivem na mais negra solidão!?

Mas quando a dor for mais forte
Nessa triste e leda noite de insónia
Quando o silêncio for fonte de dor
O amanhã virá e o dia te sorrirá.


29 de Abril de 2012



Comemoração do 25 de Abril de 1974 (2012)

A notícia correu depressa, ou não estivéssemos num pequeno ilhéu lá para os lados do ocidente. Foi devagar, e ainda em surdina, com medo, muito medo e receio (não vão os ouvidos dos informadores da PIDE escutar o que se diz), que logo de manhãzinha foi passando de boca em boca. Alguém atento à rádio - sim porque a televisão no Arquipélago só se daria a conhecer de forma rudimentar daí a um ano -, foi espalhando a boa nova. "Disseram na Rádio que os militares fizeram um golpe de Estado". Tudo começou ainda no dia 24 de Abril pelas 22h25 com um dos sinais combinados pelos golpistas, com a canção E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho emitida na rádio Emissores Associados de Lisboa, que desencadeia a primeira fase do golpe de Estado. O segundo sinal foi dado à meia noite e vinte minutos quando a canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso é transmitida pela Rádio Renascença, que confirma o golpe e determina o início das operações. Depois do derrube do governo, os militares enviaram uma comunicação ao país para ser lida na RTP.
"Na madrugada do 25 de Abril o Movimento das Forças Armadas no decurso de uma acção conjunta, estabeleceu o controlo da situação política em todo o país após ter ocupado diversos pontos estratégicos, nomeadamente os ministérios, estações de rádio televisão e rádio difusão, aeroportos e fronteiras, o Movimento está cumprindo com êxito a mais importante das missões cívicas dos últimos anos da nossa História, proclama à Nação o seu propósito de a libertar do regime que a oprime há longos anos..."
Foi assim, que aos microfones da velhinha RTP, a preto e branco, Fialho Gouveia lia a mensagem do Movimento das Forças Armadas, MFA, no dia 25 de Abril de 1974!

Foi com enorme emoção que aos dezassete anos, vividos sob o jugo da ditadura senti que algo de muito importante estava a acontecer, mesmo que ainda não percebesse muito bem do que se tratava e o que iria mudar a partir daquele inesquecível dia. O que quer que fosse, já sentia um alívio: foi como se me tivessem tirado um enorme peso de cima das costas, as grilhetas das pernas, a venda dos olhos, a mordaça...
Hoje, à distância de38 anos, muitas vezes me questiono: será que estamos a evoluir na democracia, ou por outro lado estamos a regredir? Acho que a segunda hipótese é a que melhor caracteriza estes tempos!...

Zita Amorim e Virgílio Toste gostam disto.

Base Francesa nas Flores

     Foi com imenso gosto e até alguma nostalgia que assisti à visualização dos vídeos "Opération Hortensia" na Biblioteca Pública...