terça-feira, 1 de maio de 2012

Comemoração do 25 de Abril de 1974 (2012)

A notícia correu depressa, ou não estivéssemos num pequeno ilhéu lá para os lados do ocidente. Foi devagar, e ainda em surdina, com medo, muito medo e receio (não vão os ouvidos dos informadores da PIDE escutar o que se diz), que logo de manhãzinha foi passando de boca em boca. Alguém atento à rádio - sim porque a televisão no Arquipélago só se daria a conhecer de forma rudimentar daí a um ano -, foi espalhando a boa nova. "Disseram na Rádio que os militares fizeram um golpe de Estado". Tudo começou ainda no dia 24 de Abril pelas 22h25 com um dos sinais combinados pelos golpistas, com a canção E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho emitida na rádio Emissores Associados de Lisboa, que desencadeia a primeira fase do golpe de Estado. O segundo sinal foi dado à meia noite e vinte minutos quando a canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso é transmitida pela Rádio Renascença, que confirma o golpe e determina o início das operações. Depois do derrube do governo, os militares enviaram uma comunicação ao país para ser lida na RTP.
"Na madrugada do 25 de Abril o Movimento das Forças Armadas no decurso de uma acção conjunta, estabeleceu o controlo da situação política em todo o país após ter ocupado diversos pontos estratégicos, nomeadamente os ministérios, estações de rádio televisão e rádio difusão, aeroportos e fronteiras, o Movimento está cumprindo com êxito a mais importante das missões cívicas dos últimos anos da nossa História, proclama à Nação o seu propósito de a libertar do regime que a oprime há longos anos..."
Foi assim, que aos microfones da velhinha RTP, a preto e branco, Fialho Gouveia lia a mensagem do Movimento das Forças Armadas, MFA, no dia 25 de Abril de 1974!

Foi com enorme emoção que aos dezassete anos, vividos sob o jugo da ditadura senti que algo de muito importante estava a acontecer, mesmo que ainda não percebesse muito bem do que se tratava e o que iria mudar a partir daquele inesquecível dia. O que quer que fosse, já sentia um alívio: foi como se me tivessem tirado um enorme peso de cima das costas, as grilhetas das pernas, a venda dos olhos, a mordaça...
Hoje, à distância de38 anos, muitas vezes me questiono: será que estamos a evoluir na democracia, ou por outro lado estamos a regredir? Acho que a segunda hipótese é a que melhor caracteriza estes tempos!...

Zita Amorim e Virgílio Toste gostam disto.

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